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Produtividade: desafio central para o têxtil e a confecção

03/07/2025

Produtividade: desafio central para o têxtil e a confecção

A produtividade volta ao centro das discussões no setor têxtil e de confecção com a 10ª edição do Congresso Internacional, promovido pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit). O evento, que tem abordado o tema em suas edições, desta vez o colocou como prioridade, como ressalta o gerente de desenvolvimento estratégico sustentável do Senai Cetiqt, Marcelo Ramos. Para ele, a escolha do temadeste ano reflete a urgência do setor em romper barreiras históricas de baixa competitividade. “A produtividade sempre esteve em destaque na agenda do Senai Cetiqt, bem como marcou presençanos debates e análises do Congresso. Mas agora o setor a assinalacomo ponto decisivo para o futuro”, afirma. 

 

Tecnologia e qualificação como motores da transformação

Para Ramos, o aumento da produtividade no setor depende diretamente da adoção de tecnologias associadas à quarta revolução industrial e da qualificação da mão de obra. “A fragilidade do setor de confecção brasileiro é evidente quando olhamos para a adoção tecnológica e o preparo da força de trabalho”, observa.

Sob este ponto de vista, o Senai Cetiqt atua em duas frentes principais: estudos prospectivos para traçar cenários futuros e consultorias para implementação de soluções técnicas e tecnológicas, que incluem desde revisão e readequação de layouts produtivos, passando por automação, até gestão da sustentabilidade para avaliar os fatores ambientais, sociais e de governança.

 

Parcerias estratégicas para fortalecer a indústria

O Senai Cetiqt adota ações como o Programa Brasil Mais Produtivo (B+P), executado junto ao Sebrae, que tem a missão de aumentar a produtividade e a competitividade das empresas brasileiras, sobretudo as micro e pequenas. “Estamos no segundo ciclo do B+P e temos a experiência de realizar um trabalho muito próximo das empresas de confecção do estado do Rio de Janeiro com foco justamente no aumento de produtividade.”, destacou Ramos. Outro exemplo é o trabalho realizado em parceria com o Sebrae e o Grupo Soma, para promover melhorias nos processos produtivos de empresas de diferentes estados que compõem sua cadeia de fornecedores. “A capilaridade do Senai é uma força que permite alcançar empresas de diferentes regiões, portes e realidades”

 

Cadeia fragilizada exige ações sistêmicas 

Marcelo Ramos alerta para a vulnerabilidade estrutural do setor de confecção, marcado por baixa remuneração, informalidade e forte pressão do varejo. “Temos um elo frágil na cadeia, tanto pelo modelo de negócios, muitas vezes baseado em autônomos, quanto pela dificuldade em acessar crédito e investir em tecnologia”, explicou.  

A saída, segundo ele, exige articulação entre empresas, governo e instituições de fomento. “É preciso romper o ciclo vicioso com políticas públicas e projetos integrados”. 

 

Projetos de futuro e observatórios de tendência 

Além das consultorias, o Senai Cetiqt investe em projetos estratégicos voltados ao futuro da indústria. Um exemplo é o Observatório, dedicado ao mapeamento de tendências e indicadores para orientar a tomada de decisão. “Queremos fornecer dados concretos para que as empresas possam agir com assertividade”, afirma Ramos. Outro projeto, ainda em desenvolvimento, tem foco exclusivo na confecção e busca integrar educação, tecnologia e gestão para propor soluções específicas ao segmento. 

 

Educação sob medida e alinhamento com a moda 

A formação técnicaé realizada por meio de parcerias com os departamentos regionais do Senai e moldada conforme a necessidade das empresas. “Oferecemos programas customizados, com conteúdo que realmente faz sentido para cada realidade produtiva”, ressaltao executivo. Segundo ele, o Senai Cetiqt também se destaca na área de moda, promovendo a integração entre design, tendências de consumo e processos industriais, sempre com foco na eficiência. 

 

A indústria como setor estratégico de defesa 

O papel do Senai Cetiqt vai além da produtividade. Em 2023, a instituição foi reconhecida como a primeira Empresa Estratégica de Defesa na área têxtil, por meio do Ministério da Defesa. “Desenvolvemos produtos, testamos materiais e capacitamos fornecedores para garantir a soberania nacional”, explicou Ramos. Ele finaliza dizendo que todos os esforços da instituição — da pesquisa ao chão de fábrica — visam preparar o setor para enfrentar os desafios do presente e construir um futuro mais competitivo.