8 E 9 DE NOVEMBRO | FIESC - FLORIANÓPOLIS | SC

Marco Antônio Branquinho fala sobre a reinvenção do setor têxtil e da Cedro

04/11/2020

Marco Antônio Branquinho Junior, diretor presidente da Cedro Têxtil

“Reinvenção” sempre foi uma palavra de uso frequente na Cedro Têxtil, fabricante de sarjas e denim. Em quase 148 anos de história, a companhia já precisou se reinventar diante de diversos momentos desafiadores — e não está sendo diferente agora, durante a pandemia do Coronavírus. 

Esse é o tema central da entrevista que Marco Antônio Branquinho Junior, diretor presidente da empresa, concedeu ao site do IntegrAbit, evento 100% digital que acontece entre esta quarta-feira (04/11) e quinta-feira (05/11). Para Branquinho, a grande transformação da cadeia é a sua adaptação ao mundo digital.

“Como o varejo irá se adequar ao crescimento do e-commerce em suas vendas, como as lojas físicas irão se adequar a canais digitais e como as indústrias têxteis irão dar o salto para a ‘Indústria 4.0’ são as questões centrais do modelo de negócios da cadeia têxtil e de vestuário”, comenta. 

E foi pensando nessa necessidade que a Cedro reestruturou suas redes sociais com um novo posicionamento: “Realinhando o Futuro”. O conceito celebra a capacidade de resiliência da companhia, para persistir diante de situações adversas, e de adaptação, seguindo em frente apesar de cenários inesperados. 

Além de falar sobre essa transformação, o executivo abordou as novas demandas dos consumidores pós-pandemia e mais. Confira a entrevista na íntegra abaixo: 

Quais mudanças de consumo impostas por esse momento você enxerga como sendo permanentes daqui pra frente?

A pandemia modificou severamente os nossos modelos de interação social. Viagens, reuniões e encontros foram substituídos pelo ambiente virtual e pelas facilidades do mundo digital. Na verdade ainda não temos a exata noção de quanto tempo e em que medida isso veio para ficar, mas é fato que a forma como as pessoas se relacionam sofreu alterações. Os hábitos de consumo também estão sendo afetados. A maior transformação, sem dúvida, é o crescimento e a consolidação do e-commerce. Talvez ainda leve um bom tempo até alcançarmos os níveis que um país como a China já tem em termos de canais digitais de vendas, mas estamos crescendo. A outra grande mudança diz respeito aos fatores decisores de compra. A intensificação das discussões a respeito da saúde e as restrições quanto ao deslocamento e aglomeração de pessoas, fazendo com fiquemos mais tempo dentro das nossas casas, farão com que os requisitos de bem-estar e conforto passem a influenciar de forma mais intensa nossos hábitos de consumo.

Na sua opinião quais são os atributos que serão mais valorizados pelos consumidores de moda e como as empresas têxteis devem trabalhar daqui para frente para atender essas demandas?

Conforto, atemporalidade e bem-estar serão as palavras-chave em termos de atributos mais valorizados pelos consumidores de uma forma geral, não só dos produtos de moda. Seja no tempo em que ficaremos a mais dentro de casa, sozinhos ou em família, ou no tempo em que estaremos buscando formas de preservar a saúde, estes são os atributos-chave. No caso das empresas têxteis, o que vai acontecer naturalmente é uma adequação do pipeline de desenvolvimento de produtos, com a redução da “glamorização” das coleções e da velocidade dos lançamentos e o crescimento dos esforços de pesquisa e desenvolvimento de novas fibras, fios, estruturas, tingimentos e acabamentos que reforcem a funcionalidade dos tecidos.

E o varejo? Como as mudanças de lógica de demanda, cada vez mais coleções durante o anos, impulsionadas pelo fast fashion mudaram a cadeia?

O fast-fashion é o modelo que mais cresceu no segmento do varejo têxtil nos últimos anos e dificilmente será substituído por outro em um horizonte de curto prazo. Acredito que o que vai acontecer são ajustes no modelo, que passará a conviver com o smart-fashion, sem necessariamente contrapô-lo. A grande transformação da cadeia é a sua adaptação ao mundo digital. Como o varejo irá se adequar ao crescimento do e-commerce em suas vendas, como as lojas físicas irão se adequar aos canais digitais e como as indústrias têxteis irão dar o salto para a “Indústria 4.0” e se tornarem capazes de suportar a evolução da lógica demanda são as questões centrais do modelo de negócios da cadeia têxtil e de vestuário. 


O novo posicionamento da marca segue uma tendência de mercado muito forte durante esta pandemia, que é usar a tecnologia e as redes sociais para se aproximar do cliente. Como aconteceu esse processo de reinvenção para a Cedro, tendo em vista o pouco tempo de espaço para as mudanças?

O processo de reinvenção não é uma novidade para a Cedro, uma empresa próxima de completar 150 anos de atividades ininterruptas. Sua longevidade é reflexo da sua capacidade de identificar as tendências e demandas do mercado e de saber quais são as tecnologias necessárias para alcançar nosso Propósito de Valor: “transformar fibras, fios e tecidos em conforto, beleza e proteção para as pessoas”. As redes sociais são mais um dos meios que utilizamos para comunicar ao nosso público o nosso propósito é demonstrar de forma inequívoca como fazemos isso. “Realinhando o Futuro” foi a forma de reafirmarmos, em um momento difícil como o que enfrentamos durante este ano por causa da pandemia, nossos compromissos com a necessidade de geração de resultados sustentáveis, com a manutenção da integridade da reputação da empresa e com preservação do respeito pelas necessidades das pessoas que fazem parte da nossa comunidade de empregados, fornecedores e clientes.

E, até então, o impacto tem sido positivo nas vendas da empresa após essa reformulação de discurso e posicionamento?

Durante o período mais crítico da pandemia, quando as atividades industriais no Brasil foram severamente reduzidas, a preocupação da Cedro foi manter a saúde dos seus empregados e familiares em equilíbrio com a saúde operacional da empresa, para que quando as atividades pudessem ser retomadas, o tempo necessário para isso fosse o menor possível. Na prática, na medida que a demanda do mercado foi retornando a normalidade, fomos capazes de responder de imediato, suprindo e apoiando a necessidade dos nossos clientes para que pudessem normalizar suas respectivas operações.

Sobre o IntegrAbit

O IntegrAbit é o mais novo produto de conteúdo da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção. A conferência 100% digital apresenta um panorama do comportamento de consumo nacional e internacional. 

Além do debate sobre circularidade estendida, haverá painéis sobre materiais e suas potencialidades de inovação para a indústria e o serviço como um drive estratégico. A discussão também passa pelas nuances da comunicação e seus reflexos na sociedade, a diversidade de canais e experiências de venda, além da importância da valorização do produto local e do “made in Brasil”.


TAGS: cedro IntegrAbit