Capital humano move inovação e produtividade
15/08/2025
Cultura organizacional, tecnologia, gestão de talentos são apenas alguns dos vetores da produtividade dentro do ambiente corporativo. Um time de executivos compartilha estratégias e inovações em capital humano no Congresso Abit.
Buscar, cultivar e reter talentos são fatores incontornáveis dentro da complexa tarefa de compor equipes dentro das organizações. Bem estruturados, estes núcleos de trabalho contribuem – e muito! – para todos atingirem as metas corporativas. Item essencial quando se fala em produtividade, o Capital Humano: Coração da Produtividade é o foco do Painel 2 do Congresso Internacional Abit 2025, que ocorre nos dias 29 e 30 de outubro, no auditório da Fiesp, em São Paulo.
Nesta edição do evento, que tem como tema central “Produtividade como catalizador do crescimento e da competitividade”, líderes da Suzano, da Vicunha Têxtil e da Great Place to Work® Brasil apresentam cases e perspectivas sobre como a valorização de pessoas, aliada à inovação tecnológica e à gestão estratégica de competências, pode alavancar resultados sustentáveis no setor.
Suzano reforça gestão de pessoas para inovar
A Suzano tem investido fortemente na valorização do capital humano como motor de produtividade e inovação, como afirma a diretora de Gente & Gestão, Irina Catta Preta. “A atração de talentos é pautada no alinhamento cultural e nas competências estratégicas que buscamos para cada posição”. Segundo Irina, a educação corporativa é direcionada para competências como visão de negócios e futuro, visão global e multicultural, foco em pessoas e diversidade. O ciclo de Gente envolve avaliações 360º, feedbacks e Programa de Desenvolvimento Individual (PDI) personalizado. A proposta, segundo a executiva, é construída junto às lideranças para “garantir crescimento alinhado às necessidades do negócio”.

Irina Catta Preta
Em 2024, mais de 9 mil colaboradores foram capacitados, com treinamentos técnicos, programas comportamentais e formação de liderança. Irina destaca o programa inédito de trainee para supervisores florestais, que integra teoria e prática. A expansão das operações e a internacionalização inspiraram a criação da Escola de Liderança, voltada ao fortalecimento das competências de gestão. No campo da diversidade, a empresa avançou em indicadores estratégicos, em 2024, atingindo 27,3% de mulheres e 22% de pessoas negras em cargos de liderança, além de ter alcançado 85% de adequação às normas de acessibilidade.
A executiva ressalta que os avanços integram a jornada contínua de transformação, combinando visão de curto e longo prazo. Entre as inovações, cita o uso de Inteligência Artificial na plataforma de PDI, que elevou a adesão dos colaboradores de tecnologia de 70% para 90%. “Potencializamos o desenvolvimento das pessoas usando recursos digitais, sempre alinhados ao compromisso de sustentabilidade que guia nossas operações”, conclui.
Cultura e tecnologia impulsionam talentos na Vicunha
O Diretor Corporativo de Recursos Humanos da Vicunha Têxtil, Alexandre Ferreira, frisa ao destacar a importância do capital humano para a produtividade e a inovação: “A atração e retenção de talentos dependem fortemente do alinhamento com a cultura organizacional”. Ferreira assinala que manter um ambiente de trabalho saudável e produtivo, depende diretamente de se mapear e gerir a cultura empresarial, acompanhando mudanças sociais e geracionais.
O executivo lembra que, segundo dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Brasil precisará qualificar cerca de 14 milhões de trabalhadores industriais até 2027. “Desafio que deve ser compartilhado entre empresas, governos e instituições de ensino técnico”.
A Vicunha mantém diversas iniciativas de formação profissional e social, como salienta o diretor de RH. Entre elas estão o Programa Pescar, que capacita jovens em situação de vulnerabilidade em áreas como eletromecânica, manutenção mecânica e tecnologia da informação; o Curso Técnico Têxtil, em parceria com o Senai, que desenvolve profissionais criativos e inovadores para o setor; e o EJA (Educação de Jovens e Adultos), que permite a conclusão do ensino fundamental e médio dentro das unidades produtivas. Para Ferreira, qualificar pessoas “para o trabalho e para a vida” é hoje um compromisso estratégico.
A inovação tecnológica também é parte da estratégia de RH da Vicunha. Ferreira cita o uso crescente da Inteligência Artificial (IA) em recrutamento, gestão de talentos e saúde ocupacional. Em parceria com o Sesi Ceará, a empresa desenvolveu um projeto pioneiro que utiliza IA para prevenir doenças como diabetes e hipertensão entre colaboradores com sobrepeso e obesidade. A tecnologia integra telemedicina e algoritmos preditivos para criar diagnósticos e planos de cuidados personalizados. “A IA deve refletir nossos valores e propósito antes de executar tarefas”, ressalta o executivo.

Alexandre Ferreira
Capital Humano é chave para produtividade
“A única certeza é que o desenvolvimento precisa ser contínuo”, afirma Tatiane Tiemi, CEO do Great Place to Work® Brasil, ao destacar que não existe um modelo único para a gestão de pessoas. Segundo a executiva, o mais importante é que empresas e profissionais invistam constantemente na atualização de habilidades para acompanhar as mudanças aceleradas no mercado. “Só navega bem quem está continuamente aprimorando seu repertório”, observa.
Tatiane Tiemi
Tatiane lembra que, de acordo com dados do Relatório de Tendências de Gestão de Pessoas do GPTW, 50% dos profissionais de RH afirmam usar Inteligência Artificial em atividades pontuais, enquanto 24% ainda estão aprendendo a aplicá-la e 9% têm o tema como foco estratégico. A CEO explicou que áreas como recrutamento e seleção (48%), treinamento e desenvolvimento (30%) e avaliação de desempenho (22%) já recebem forte influência da tecnologia. Ela lembra que o próprio GPTW oferece a plataforma Emprising para apoiar empresas na análise de dados.
A empresária também ressalta que o aprendizado pode ocorrer de várias formas — de salas de aula presenciais a eventos, leituras, filmes e podcasts — e que novas competências são essenciais diante da transformação tecnológica. “Podemos ter três, cinco ou até sete carreiras diferentes, moldadas por novas habilidades adquiridas ao longo do tempo”, observa. Sobre o futuro do trabalho, a CEO acredita que a tecnologia permitirá múltiplos formatos, em uma relação cada vez mais fluida entre empresas e colaboradores.