Renato Jardim: “A tendência para o futuro é a indústria reagir com mais velocidade e dinamismo”
16/10/2019
A poucos dias do início do Congresso Internacional da Abit 2019, conversamos com o superintendente de Políticas Industriais do Sinditêxtil-SP, que destaca elementos fundamentais para a indústria como um todo, na atualidade e também no futuro. Leia a entrevista completa abaixo.
O tema do Congresso Internacional Abit 2019 é “Fim das fronteiras: da criação ao consumo”. De que forma o Sinditêxtil-SP acredita que as novas tecnologias impactam na redução das distâncias entre a indústria e o consumidor final?
Primeiramente, elas impactam na comunicação. Com as redes sociais e as ferramentas de monitoramento, as empresas ganham um grande instrumento para entender o seu mercado e o seu consumidor, e assim, apresentar soluções e desenvolver os produtos que ele mais valoriza. O segundo impacto se dá entre os próprios elos da indústria. As empresas podem estar muito mais conectadas entre si para agilizar, facilitar e trazer mais eficiência nas relações entre os elos da cadeia do setor e o varejo, além sua conexão direta com o consumidor. Com um comércio online cada vez maior, as empresas conseguem ofertar produtos diretamente para o consumidor, seja via plataforma própria ou pelos conhecidos market places.
Da perspectiva do Sinditêxtil-SP, ao longo dos anos, quais foram as principais mudanças que impactaram o setor como um todo?
As tecnologias de produção em si, não sofreram grandes alterações, principalmente do ponto de vista do conceito do processo. A principal mudança está na eficiência e as melhorias aconteceram em duas vertentes. A primeira diz respeito à produtividade, seja pela rapidez ou pela redução de perdas, conectadas diretamente com a segunda vertente: diminuição da perda de insumos de matéria-prima ou de insumos auxiliares como energia e água, por exemplo. Essas duas vertentes geram redução de custos e muito mais sustentabilidade nos processos. Outra mudança está em curso: a integração de tecnologias. O uso cada vez mais intensivo de softwares, de mecatrônicas, de robótica e de elementos de tecnologias aplicados, a princípio em outras áreas, agora são trazidos para dentro da produção têxtil. Isso não é algo novo, mas cresce em ritmo mais acelerado para automatizar processos, deixar a produção mais rápida, eficiente e assertiva.
Como Sinditêxtil-SP avalia o impacto de novas tecnologias no setor têxtil, em geral?
Os impactos das novas tecnologias são positivos, porque são elas que permitem ao setor trazer funcionalidades aos seus produtos e com maior dinamismo, tal como o consumidor exige. A evolução da sociedade traz para a nossa indústria as necessidades do dia a dia do consumidor, pois trabalhamos com produtos que fazem parte do cotidiano das pessoas. Na prática, isso significa apresentar produtos mais fáceis de serem cuidados, que demandam menos lavagem e passadoria, e produtos dinâmicos que podem ser usados em ocasiões durante o dia e também à noite, como trabalho e cinema, por exemplo. Além disso, a indústria diversifica, cada vez mais, o emprego de seus produtos em outros segmentos da economia, como o setor automotivo, agropecuário, de construção civil, médico-hospitalar. Isso mostra que as novas tecnologias permitem criar soluções para a vida da sociedade em contextos mais amplos que o vestuário, o têxtil e o lar. Também vale destacar a intensificação do uso da inteligência artificial e do big data, tecnologias que deixam o setor mais assertivo, dinâmico, com produtos customizados e sustentáveis.
É possível fazer uma projeção em relação aos principais elementos que irão nortear o setor nos próximos cinco ou dez anos? Como a entidade se prepara para esse futuro tão próximo e repleto de transformações?
É evidente que a tecnologia, os softwares, a indústria 4.0, a manufatura avançada e um consumidor cada vez mais consciente, comunicativo e exigente de produtos mais funcionais para a sua realidade, são drivers que puxam muito a indústria. A conexão desses elementos com um mundo cada vez mais atento às questões de sustentabilidade vão direcionar os modelos de negócios e com muita rapidez. A velocidade com que as coisas acontecem é que traz desafios importantes. Para o setor industrial isso é particularmente relevante, porque a tendência para o futuro é a indústria reagir com mais velocidade e dinamismo. O Sinditêxtil-SP está muito atento a essas questões, buscando trazer essas tendências, estudos e qualificação porque, além de representar e defender essa cadeia de produção, nós somos centro de referência para prover soluções à indústria. A indústria está atenta ao que está acontecendo, mas, ao mesmo tempo, precisa de um apoio que facilite a sua conexão com as ferramentas que permitam a implementação dessas mudanças em suas próprias empresas e aí está um dos grandes papéis da entidade.
Diversos assuntos ligados ao futuro das indústrias têxtil e de confecção, serão debatidos no Congresso Internacional da Abit 2019, nos dias 22 e 23 de outubro, em Belo Horizonte (MG). O tema da conferência é “Fim das fronteiras: da criação ao consumo” e acontece paralelamente ao Minas Trend.
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